domingo, 31 de outubro de 2010

Palavra

É realmente uma coisa engraçada.

Ela pode te libertar e te aprisionar. Você pode odiá-la ou amá-la, como Liesel Meminger, a protagonista do bestseller “A menina que roubava livros” do australiano Markus Zusak. Há muito tempo um livro não me fazia ter uma quantidade tão grande de emoções contraditórias. A cada página, cada capítulo, o texto por vezes sarcástico, por vezes terno e poético de Zusak, me emocionava. Chorava de raiva, frustração, pena, carinho, tristeza, alegria, revolta, amor.

A história de Liesel é contada pela Morte. Uma narradora no mínimo interessante. Ela conta como se encontrou com Liesel por 3 vezes entre 1939 e 1943, na Alemanha nazista. A partir de um livro que ela encontra na terceira vez que a vê, e que foi escrito pela própria Liesel, a Morte narra a história da menina que no enterro do irmão mais novo, em meio à neve, rouba seu primeiro livro, O Manual do Coveiro, e como as palavras guiarão os acontecimentos em sua vida a partir daí. A adoção, as primeiras vezes na escola, a adoração pelo pai adotivo, o amor pelo melhor amigo, a amizade que nasce pelo judeu escondido em seu porão, a triste realidade do seu país. Tudo isso durante suas tentativas de aprender a ler através dos livros roubados, no meio da noite com o pai, ou na meia luz de um porão com cheiro de tinta, a faz perceber o poder da palavra.

Através da palavra Hitler moveu multidões pra uma guerra sem sentido. Através da palavra Liesel conheceu a força e o poder de uma amizade que nem a guerra separou. Através das palavras de Liesel a Morte percebeu que apesar de tudo, a vida ainda valia a pena.

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